Nasci em Juiz de Fora, Minas Gerais. Mesmo não morando lá há um bom tempo, ainda mantenho um laço forte com a família (meus pais sempre foram um exemplo e um porto seguro) e muitos amigos.

Quando chegou a hora de escolher sobre qual graduação eu faria, fiquei dividida (palavra que sempre fez parte da minha vida, e com a qual estou aprendendo a lidar melhor a cada dia) entre Psicologia e Administração e acabei optando pela segunda, cursando na UFJF. Entendi, naquele momento, que cursar Administração poderia me dar mais oportunidades e possibilidades, e de fato, deu.

Durante a minha graduação, estagiei na LAFEL, a confecção da minha mãe. Foi um período de imenso aprendizado, principalmente em relação a vendas. Vender sempre foi algo muito natural para ela, mas não para mim. Com minha mãe, aprendi a ter sensibilidade, a ficar atenta às pessoas de forma a compreender o que elas buscam, antes mesmo de comunicarem. Além disso minha mãe sempre foi um grande exemplo de determinação, resiliência e adaptação, virtudes que procuro aprender cada vez mais, sempre mais.

Decidi casar jovem, no final da minha faculdade, e fui morar na Suíça, pois meu marido foi chamado para um estágio na empresa UBS.

No início não foi nada fácil para mim. Vivíamos em Zurique, uma cidade cuja língua, o alemão, eu quase não falava na época e eu não podia trabalhar, pois no meu visto constava que eu fui como acompanhante; por questões legais, eu só poderia trabalhar depois de 18 meses. Eu estava começando a me sentir deprimida, mas tomei duas decisões que me ajudaram a enfrentar essas dificuldades: entrar em uma turma de alemão e realizar trabalho voluntário.

Uma das opções de trabalho voluntário era participar de uma iniciativa de doação e de distribuição de roupas usadas. Participei da triagem das peças. A maior parte, nós enviávamos para alguns países, como doação; e uma parte ia para uma loja/bazar em Zurique, cujas vendas eram revertidas em dinheiro para esses mesmos países.

A experiência que tive na Lafel me ajudou muito. Quando cheguei, o bazar era mal organizado e feio, e perguntei ao pessoal da Cruz Vermelha se eu poderia fazer algumas mudanças. Assim que organizamos, começamos a vender mais. Foi incrível.

Eu ainda precisava terminar o curso de Administração. Voltei então ao Brasil por um breve período, apenas para cumprir o período de estágio obrigatório e concluir a faculdade. Consegui um estágio na MRS, empresa de logística. Participei ativamente da montagem do primeiro programa de trainees realizado pela empresa. Naquele momento, eu começava a entender que minha área era lidar diretamente com pessoas.

Com a graduação em Administração completa, voltei à Suíça quando já iria se completar o período após o qual eu poderia trabalhar lá. Enviei currículos para vários lugares, mas uma das empresas em que eu mais queria trabalhar era o UBS, o maior banco da Suíça. Mandei vários currículos para o banco, focando em posições de Recursos Humanos.

Então, um dia me ligaram do RH corporativo do UBS para marcar uma entrevista. Quando cheguei, o entrevistador falou: “você deve querer muito trabalhar aqui, porque todos os gestores de nossa área receberam um CV seu. Sendo assim, achamos que você merecia pelo menos uma entrevista”. E assim, meu primeiro emprego depois de formada foi no UBS.

A experiência no UBS foi espetacular. Aprendi como se cursasse um mestrado. Trabalhei na área de desenvolvimento de jovens talentos da parte corporativa do banco. Criávamos os programas que o mundo inteiro utilizaria. Uma das coisas que transformam minha vida nessa época foi a convivência com uma colega que se sentava ao meu lado. Ela adorava o Brasil, vinha com frequência pois apoiava um projeto para meninos de rua, e acabamos nos aproximando.

O trabalho dela era preparar os colaboradores do banco para trabalhar fora da Suíça, como expatriados. Era treinamento para adaptação intercultural. Fiquei encantada com isso, nunca tinha ouvido falar. Resumindo: me interessei demais pelo trabalho e comecei a me envolver. Perguntei ao meu chefe se eu poderia ajudar neste trabalho, e ele concordou.

Após três anos na Suíça, conversei com meu chefe no UBS que eu e meu marido tínhamos o plano de ir para os EUA por alguns anos (ele queria fazer um MBA), e me ofereceram a possibilidade de mudar de lado: eu me candidataria a ser uma das expatriadas para os Estados Unidos, por dois anos. Passei por um processo seletivo interno, como todos que visavam esse programa, e fui aprovada.

De 2001 a 2003 trabalhei no UBS nos EUA, e dividia meus dias entre os escritórios de Stamford (CT) e Nova Iorque (NY), além do mestrado.

Durante a estadia nos EUA, cursei mestrado na University of New Haven, em Psicologia Comportamental e Organizacional. Não me graduei em Psicologia, mas meu mestrado foi na área.

De volta ao Brasil, comecei a trabalhar na área de R&S da McKinsey, na seleção de candidatos que estavam voltando de MBAs. Foi uma experiência que me enriqueceu muito. Eu adorava a minha equipe e a minha chefe, que me mostrou coisas incríveis. Às vezes, o ambiente corporativo pode ser muito exigente, e ela me ensinou a sempre estar pronta para lutar pelos meus posicionamentos.

A Loite nasceu em 2007. Aproveitando tudo o que tinha visto e vivido, escolhi passar para o outro lado da mesa. Afinal, entrevistei muito e vi como organizações grandes funcionavam. Juntando isso com o mestrado em Psicologia Organizacional, criei a empresa com a intenção de atuar em duas frentes: ajudar pessoas em processos seletivos, e elaborar projetos de recrutamento, seleção e desenvolvimento de talentos para empresas. Mais tarde, passei a trabalhar muito menos com projetos para empresas e tenho focado mais nos atendimentos individuais, seja em processos de coaching, de simulados de entrevistas e, agora, atendimentos voltados ao Third Act.

Sou voluntária na Endeavor e na Fundação Estudar, duas organizações que admiro muito pois apoiam dois temas que acredito serem fundamentais para o nosso desenvolvimento: empreendedorismo e educação. Colaboro, atuando com Coaching, um trabalho que amo fazer.

Sou voluntária na Endeavor e na Fundação Estudar, duas organizações que admiro muito pois apoiam dois temas que acredito serem fundamentais para o nosso desenvolvimento: empreendedorismo e educação. Colaboro, atuando com Coaching, um trabalho que amo fazer.

Comecei em 2009 a fazer preparação de entrevistas para candidatos a escolas de MBA internacionais, e também passei a visitar várias dessas escolas. Conheci mais de 20 universidades pelo mundo, a maioria nos EUA. Essa experiência me deu respaldo e me ajudou a aprimorar os métodos de entrevistas. E, no final de 2018, fui convidada pela Época Negócios Digital para escrever uma coluna sobre “Escolas de Negócios pelo Mundo”.

No Brasil, ainda não temos muita literatura sobre o que nos EUA alguns chamam de Third Act, ou Terceiro Ato. Ou seja, a vida após os quarenta anos. A partir de 2018, muitas pessoas na faixa etária acima dos 40 começaram a me procurar, sempre por motivos profissionais. Passei a entender que o que as levava até mim — a carreira — era só a ponta do iceberg. Isso tudo me chamou a atenção e comecei a estudar a respeito. Foi quando surgiu a Loite Third Act, focada nesse público — um posicionamento que nasceu ao mesmo tempo em que eu mesma venho vivendo esta transformação.

Meu objetivo é oferecer um espaço para que as demandas específicas desta fase de vida – o Terceiro Ato – sejam vividas plenamente.

Acredito que, quando bem trabalhado, este período da vida após os 40 guarda uma oportunidade única para extrairmos o que há de melhor em nós, para acessarmos e explorarmos um grande potencial, e experimentarmos um prazer de se viver que pode ser ainda mais incrível nesta fase. Acredito que isso se torna possível pois começamos a ver a sabedoria adquirida ao longo de uma vida.